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domingo, 18 de julho de 2010

As férias dos homens bons

Nossa longa ausência deste blog, pela qual nos desculpamos, deveu-se a motivo dos mais nobres. Ao contrário de perigosos comunistas como uma certa @maria_fro – que veraneiam na primitiva África com a desculpa esfarrapada de fazer um documentário com o meu, o seu, o nosso dinheiro público – preferimos gastar o que sonegamos flanando pela bela Europa – burgo desenvolvido que, como ensina nosso ínclito guru Professor Hariovaldo Almeida Prado, é onde os homens bons e as mulheres boas passam férias.

Começamos por Portugal, país que, sem a mão firme de Salazar a guiá-lo, se afunda cada vez mais numa espécie de “populismo tecnológico”, proporcionando ao populacho trens-bala, energia eólica, redes públicas de wi-fi e uma série de benesses de direito exclusiva dos de boa estirpe e com as quais a plebe rude e ignara da península ibérica, cambaleante sobre seus tamancos, não está sequer preparada para lidar. Um horror.

Nossa segunda parada foi na Itália, lar de veneráveis homens bons como Nero, Mussolini e o nosso querido Berlusconi. Lá tivemos que nos misturar ao repulsivo populacho mediterrâneo, com seus batedores de carteira e mulheres de índole duvidosa, para ver não apenas os monumentos da antiga e saudosa Roma – onde , alvíssaras, senhores e escravos sabiam o seu lugar – mas grande obras do século passado, como o Monumento a Vittorio Emanuele II, pelo qual tenho especial predileção. É pena que, embora os italianos tenham aprendido a votar, deixando de lado as ilusões armadas, o abominável socialismo e o patético PCI e escolhendo uma figura séria e íntegra como Berlusca, continuem uma absoluta negação na cozinha – embora insistam em fazer risotos, pastas e pratos exóticos como coda alla vacinara, que não passa da horrorosa rabada, tão apreciada pelos botocudos tupiniquins, mas com molho de tomate no lugar da batata e agrião. Culinária, definitivamente, não é com eles. A verdade é que nem um simples sorvete os coitados sabem fazer – nossa sorte é que a Kibon já chegou ao país, em modernas vending machines, permitindo que provemos do verdadeiro gelato.

Em seguida fomos à Irlanda, desgovernado rincão de rebeldes. Um céu absolutamente nublado e uma chuvinha leve e gelada nos recebeu, com os termômetros marcando 8C. Infelizmente, esse clima austero e inspirador logo foi substituído por um sol totalmente fora de hora e lugar, que nos fez ficar escandalizados com a mania do populacho de deitar sobre as gramas dos parques, antes reservadas aos cães e às raposas. É preciso que a Coroa Inglesa retome com vigor o poder nesse país de beberrões, que ao invés de trabalharem para aumentar o lucro dos capitalistas ficam em pubs duvidosos se encharcando de Forster lager, Smithswick ale e, sobretudo, da abominável Guiness stout, enquanto beliscam acepipes duvidosos como cozidos de carneiro e o deplorável fish’n’chips. De minha parte, a única bebida que ingeri nos quatro dias em tal terra depravada foi o chá das cinco - sem açúcar, naturalmente.

Depois voamos – em nosso jato particular, é claro; quem dizer que foi no mercado persa aéreo chamado Ryanair está mentindo – até Praga, onde confraternizamos com nossos amigos norte-americanos – num McDonald, é claro, pois o sábio patriotismo ianque faz com que eles voem milhares e milhares de quilômetros para conhecer outros países, mas ignorem a culinária local e continuem freqüentando o T.G.I. Fridays, o KFC Chicken e o Burger King.

Tirando o delicioso Big Mac que deglutimos, Praga foi decepcionante em muitos aspectos. Sabemos que circulou, no submundo da internet, acompanhada da fotografia que ilustra este post -tirada evidentemente por um paparazzo trêmulo e escondido, quiçá bêbado -, uma versão de que fomos vistos no nefasto ambiente de um pub tcheco deglutindo um descomunal joelho de porco grelhado, preso por torniquetes e acompanhado por litros e litros de cerveja. Trata-se, evidentemente, de uma grosseira montagem patrocinada pelo photoshop lulopetista, pois jamais provaríamos a carne de tal repulsivo animal nem, tampouco, nos deixaríamos seduzir pelos tanques de Pilsner Urquell não pasteurizada, abominável liquido entorpecente que faz a alegria das classes bebedoras de Praga. Os amigos próximos sabem que o máximo que nos permitimos de luxúria alimentar, duas ou três vezes ao ano, são finas fatias de ricota com uma garafinha de água tônica.

Ainda mais absurda é a versão de que teríamos passados os dias em Praga fornicando com moçoilas tchecas, pobres criaturas desprovidas de beleza e sensualidade – sejam loiras de pele rosada e olhos claros ou morenas de tipo eslavo, com pele branca e cabelos muito negros, ambas desconhecedoras do que seja sex appeal. Nada poderia ser mais falso do que tal boato. Não só porque, como já dizia Nelson Rodrigues, “sexo é para operário”, mas porque mantivemos, nos dias passados naquela desinteressante cidade, o rigor de nosso jejum sexual, eventualmente recorrendo a instrumentos de autopunição como forma de reprimir eventuais apelos carnais, como recomendam a TFP e o dr. Alquimin (que, como Sílvio Santos, vem aí – para manter São Paulo nos trilhos).

O certo é que não conseguimos entender o que tanto atrai os turistas à capital do ex-país comunista. A única coisa de que realmente gostamos lá foi o Museu da Tortura Medieval, onde vimos uma cadeira muito interessante, na qual gostaríamos de ver sentado o molusco que nos (des)governa. Tal triste referência à realidade tupiniquim nos faz lembrar de que, após uma breve passagem pela Alemanha – pátria-mãe dos homens bons, onde os trens jamais atrasam e não há escadas rolantes que dão em lugar nenhum – chega a hora de voltar ao país que tirou seu nome de uma madeira de dar em doido e no qual eu, infelizmente, tive o azar de nascer. O consolo é que o mais preparado dos brasileiros, cuja candidatura vai de vento em popa, logo assumirá o poder, nos tirando da rota rubra do neocomunismo atroz. Alvíssaras!

4 comentários:

Silvana disse...

Prof. Hariovaldo, devolve o blog pro Maurício a-go-ra! XD

Unknown disse...

Será que ele vai me processar por plágio??? LOL...

bete disse...

boas férias! e cuidado com a cadeira! ;-)

Cadu Lessa disse...

Gente, devolvam o Maurício! Ele deve ter sido sequestrado na Europa! :-)